Em inglês Stark significa força, determinação. No âmbito mais comum, lembra o sobrenome do super-herói Homem de Ferro: Tony Stark. Ambas associações sintonizadas à missão da nova fabricante de motos elétricas: utilizar a tecnologia para repensar o futuro das motos cross.
Stark Future é um negócio multinacionalidade. Fundada em 2019 por Anton Wass e Paul Saucy, as raízes estão na Suécia, mas a empresa opera a partir dos arredores de Barcelona, Espanha, onde é desenvolvida a Varg.
Varg significa lobo em sueco. Um lobo com 110 kg e 80 cavalos. Potência 30% superior à média das motos cross 450cc a combustão. E torque de absurdos 938 Nm na roda – pela ausência da redução provocada pelo câmbio nas motos elétricas é comum indicar o torque nas rodas.
Calma. Tanto torque e potência podem ser entregues replicando desde uma moto cross 125 cc dois tempos até uma 650 cc quatro tempos. Porém, de forma mais linear, sem os picos dos motores a combustão. A Stark Future afirma mais de 100 configurações disponíveis para a Varg.
A inovação proporcionada pelo motor elétrico estende-se à ciclística. E o motor torna-se parte estrutural da moto. O resultado é um quadro com baixo centro de gravidade, leve, compacto, e com rigidez torcional ideal. E atrelado ao chassi de metal está o sub-chassi em fibra de carbono.
Outra inovação está na estrutura do conjunto de baterias. Com peso de 32 quilos, a arquitetura do conjunto mimetiza uma colmeia. E conecta cada célula diretamente à estrutura. A engenharia dispensa uso de água para arrefecimento, assim simplifica o sistema e reduz o peso. Com 6 kWh, o conjunto fornece autonomia equiparável ao de uma moto cross 450 cc – e pode chegar até 6 horas de uso.
As reservas para a Varg já estão abertas. O preço final divulgado é €11.900. A Stark Varg mostra-se com valor competitivo frente às 450 a combustão – faixa dos US$ 10 mil. Embora inicialmente superior, em razão das menores manutenções decorrentes do motor elétrico, o custo total de propriedade mostra-se favorável à Varg.
Desenvolver veículos elétricos representa enorme desafio. Além dos aspectos técnicos, há questões ligadas ao controle das finanças ao longo do desenvolvimento dos veículos, ao gerenciamento da cadeia de fornecedores e comandar a produção.
Pontos nos quais outras empreitadas semelhantes sucumbiram – caso da Alta Motors. Então, o que confere perspectiva positiva à Stark?
Primeiro, o produto: a Varg está em fase avançada de desenvolvimento. E com “aval” de pilotos vencedores, como Sebastien Tortelli, Josh Hill e Mat Rebeaud. Os dois últimos experimentados nas motos cross elétricas graças ao retrospecto com a Alta Motors Red Shift.
Ademais, pelas características de uso, infraestrutura para recargas implementada deixa de ser uma questão: com autonomia de 6 horas, o piloto já chega para o treino ou prova com carga suficiente. Caso precise de recarga ao fim do dia, bastam duas horas ligado a uma tomada comum para recarga completa.
Para completar, há vantagem competitiva determinante: desempenho. Stark Future afirma a Varg superior às 450 cc tradicionais.
Porém, essas são as expectativas. A Stark Future precisa manter as finanças em dia, encontrar massa crítica de clientes e, efetivamente, entregar os atributos prometidos na Stark.